sábado, 10 de outubro de 2009

Para outra Humanidade, outra Comunicação..

Para outra Humanidade, outra Comunicação.

Ser pessoa é ser relação. Ser relação é ser comunicação. Somos sempre um “nós”. Viver é conviver. E conviver é comunicar-se

A capacidade de comunicação da Humanidade vai sendo cada vez mais universal e mais imediata, na medida em que a Humanidade vai-se sentindo mais “una” e são mais os meios de comunicação e sua técnica é mais criativa. As distâncias se encurtam e de todos os rincões da nossa casa comum, que é a Terra, podemos nos tornar presença sensível.

Mas sucede que, muito antes de inventar qualquer tipo de técnica de comunicação, a Humanidade já tinha inventado o egoísmo e a hybris da dominação e os recursos malignos da mentira.

Hoje o capitalismo neoliberal, prepotente e excludente, que se apodera de tudo para fazer de tudo mercado e lucro, tem se apoderado, quase totalmente, da comunicação. Quem tem o capital tem a comunicação e a manipula e a explora e distorce. Por cima de todas as fronteiras, atropelando os mais legítimos direitos, apoderando-se da verdade, impondo como única e universal “sua” verdade: o pensamento único, o único sistema sócio-econômico, uma história definida e inevitável.

Nós nos negamos a aceitar o jugo. Cremos, até pela mais entranhada necessidade, que outro mundo é possível. Queremos ser a Humanidade una, mas de outro modo, na liberdade e na igualdade, na convivência pacífica e na pluralidade complementar. A Humanidade neoliberalizada não encaixa em nossos sonhos nem encaixa nos desígnios de Deus. Somos, queremos, vamos fazendo, outra Humanidade.
Humanizar a Humanidade é a tarefa de toda educação, de toda comunicação, de toda política e toda religião que mereçam ser.

Antes falávamos dos meios de comunicação como sendo o “quarto poder”. Hoje temos que reconhecê-los como “o primeiro poder” em extensão e em penetração. Quem tem a comunicação tem o Mundo. Mc Luhan reconhecia que “não há equipe de sociólogos capaz de competir com as equipes de publicidade...” E esse poder está muito iniquamente repartido na “aldeia global da comunicação”. Segundo a UNESCO, na década dos 90, EUA, UE e Japão possuíam 273 dos 300 principais meios de comunicação; o resto do Mundo possuía apenas 27. De cada 100 usuários da Internet, 92 se encontram nos paises do Norte. E este processo de concentração mediática tem-se acelerado com o avanço da globalização. Na atualidade, umas poucas empresas dominam o mercado mundial das telecomunicações: ATT/Liberty Media, Disney, Time Warner, Sony, News Corporation, Viacom e Seagram, todas elas estadunidenses, além da alemã Bertelsman. (sem falar no domínio dos grupos monopolizadores no Brasil)

Poder perigoso, esse da comunicação, aliado às vezes direitamente com certos poderes de morte. As últimas guerras têm sido um repulsivo exemplo da maridagem das armas e a informação. E mais uma vez tem-se demonstrado que a verdade é a primeira vítima em uma guerra. Não há muito saltou também ao conhecimento público que Le Figaro e Le Monde, tradicionais jornais franceses, eram adquiridos por empresas cuja fortuna se baseia principalmente na fabricação de armas...

Livros, revistas, jornais, congressos, ONGs, multiplicam os alertas, as diatribes e os programas acerca da informação e desinformação, controle ou liberdade de comunicação, comunicação alternativa, alfabetização mediática crítica... “Democratizar a informação para democratizar a sociedade”. “Estamos sendo inoculados pelo vírus da amnésia”. “No fim do 2003, 42 jornalistas tinham tombado no mundo por tentar exercer sua missão”. “A segurança limita a informação”. “As armas da falsidade massiva”. “A informação tem-se transformado quase por completo em propaganda”. “Em teoria, justifica-se a publicidade afirmando que é pura informação; na realidade, é imposição”. “As coisas claras são a diferença entre a democracia e a ditadura”. “Construir a opinião pública”. “Limitações constitucionais à liberdade de informação, uso repressivo das leis, processos contra o segredo das fontes, estabelecimento de códigos éticos restritivos, os Patriot Acts..., são outras tantas espadas de Damocles oficiais sobre as cabeças dos comunicadores”. Quanto mais informação, mais possível desinformação, mais informação tergiversadora. O escritor estadunidense Timothy D. Allman chegou a afirmar: “Para saber o que se passa nos EUA tenho que ver a TV canadense”.

Para uma autêntica cidadania mediática, essa “outra Comunicação para outra Humanidade”, devemos impulsionar simultaneamente:

- A prática habitual da comunicação: consigo, com Deus, com o Universo, na família, na vizinhança, no trabalho, na luta e na festa, na vida. O ser humano é “o grande meio de comunicação”; depois vêm “os meios”.

- A conscientização.

- A educação responsável para a comunicação.

- A “leitura” crítica de toda informação.

- A criação de informação alternativa e o respaldo constante à mesma.

- A contestação organizada contra todo controle, monopólio ou mentira.

- O rechaço de todo imperialismo cultural.


E, todo dia, a partir do mais caseiro espaço de que dispomos até as crescentes grandes manifestações, exercer esse supremo dom humano da comunicação, na verdade, na compreensão, na solidariedade. Nos comunicar para nos conhecer. Nos comunicar para nos acolher. Nos comunicar para juntos nos salvar.

Esta reflexão abre alguns horizontes, aponta pistas, nos convida a ser e a fazer comunicação, a outra Comunicação que a outra Humanidade sonhada necessita.


D. Pedro Casaldáliga
(Bispo, Poeta, Mártir da vida)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

TEN - Teatro Experimental do Negro

TEN - Teatro Experimental do Negro

Com o TEN Abdias Nascimento buscou a inclusão do negro na esfera de criador cênico. Ao fundar o TEN – Teatro Experimental do Negro, em 1944, Abdias do Nascimento tinha por objetivo primordial inserir o negro no teatro brasileiro enquanto temática e, sobretudo, como criador cênico e intérprete dramático. Mais tarde, Abdias lembrou em um ensaio (“Teatro Negro no Brasil – Uma Experiência Sócio Racial”, Caderno Especial 2 da Revista Civilização Brasileira, 1968) que no século 18 a profissão do ator era considerada “desprezível, a mais vergonhosa de todas, abaixo das mais infames e criminosas”, sendo então permitido aos negros – e praticamente só aos negros – se dedicarem ao teatro. Consolidada a atividade teatral após a vinda da família real, no início do século 19, inverteu-se a situação: rapidamente o negro foi excluído da cena. Nas peças em que havia algum personagem negro, aparecia um branco com o rosto pintado, para interpreta-lo. Aos raros atores negros eram destinados papéis caricatos, de empregadinhos malandros, engraçados, inconseqüentes. Lembrou, também, a escassa presença de personagens negros na dramaturgia, a despeito da grande população negra e da sua importância no desenvolvimento sócio-cultural do país. O TEN estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a 8 de maio de 1945, com a peça de Eugene O´Neill "O Imperador Jones", direção de Abdias do Nascimento, cenários de Enrico Bianco e elenco encabeçado por Aguinaldo de Oliveira Camargo, cujo desempenho foi saudado pela crítica como excepcional. A falta de dramas nacionais adequados aos propósitos do grupo, levou à escolha de outra peça de O´Neill na temporada seguinte: "Todos os Filhos de Deus Têm Asas", apresentada no Teatro Fênix, em 1946, com direção de Aguinaldo Camargo, cenários de Mário de Murtas, lançando uma atriz que se firmaria entre as maiores do nosso teatro: Ruth de Souza. Ano seguinte, encenou o primeiro original brasileiro do seu repertório: "O Filho Pródigo", de Lúcio Cardoso, com cenários de Santa Rosa. Seguiu-se "Aruanda", de Joaquim Ribeiro, sinalizando um veio dramatúrgico de temática negro-africana no Brasil. Estes e os espetáculos que o Teatro Experimental do Negro produziu nos anos 50 e 60 marcaram pelo rigor estético e vigor dramático, constituindo um dado relevante não apenas à discussão das questões do negro brasileiro, mas à própria estética do teatro nacional. Além das produções cênicas, o Teatro Experimental do Negro promoveu seminários, encontros e publicações sobre o tema. No referido artigo publicado no Caderno Especial 2 da Civilização Brasileira, Abdias do Nascimento concluiu: “O Teatro Experimental do Negro é um processo. A Negritude é um processo. Projetou-se a aventura teatral afro-brasileira na forma de uma antecipação, uma queima de etapas na marcha da História. Enquanto o negro não desperta completamente do torpor em que o envolveram. Na aurora do seu destino, o Teatro Negro do Brasil ainda não disse tudo ao que veio”.



Divisões Perigosas...

(*) Edna Roland

O caso da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ocorrido recentemente e que envolveu a empregada doméstica de cor parda Sirlei Dias de Carvalho Pinto, repete a mesma cena brasileira de tantos outros episódios: não se trata da ausência de limites, mas da existência da geografia da raça, cor, classe e gênero, traduzida em tacanhos estereótipos que expressam as hierarquias sociais vigentes.
Uma mulher parda, em um ponto de ônibus às 4h30 da manhã, só pode ser uma prostituta e, “portanto”, pode tornar-se um saco de pancadas de jovens quase brancos da emergente classe média da Barra da Tijuca. Convém lembrar que quatro desses jovens foram reconhecidos na delegacia pela empregada como os agressores que a espancaram e a roubaram.
O pai do quinto agressor — um estudante de Direito — bem treinado na ética brasileira, que aplica a lei de acordo com a raça e a classe do acusado e da vítima, declarou que “as crianças” (sic) que espancaram Sirlei não deveriam ser presas, pois estudam na faculdade e trabalham. Portanto, não são bandidos.
Bandidos, no Brasil, como sabemos, são sempre pardos ou pretos, são desempregados, não chegam à universidade (especialmente às públicas), moram em favelas onde podem ser mortos ao resistirem à polícia, tenham ou não praticado crimes, sejam crianças, adolescentes ou adultos.
Como, provavelmente, não leram o livro organizado pelos líderes do Manifesto contra as Cotas Raciais, os “pueris” tijucanos não ficaram sabendo que no país não existem divisões raciais: ignoraram que brasileiros de todos os tons de pele se misturam, e que não podemos aceitar a introdução de uma divisão legal que separe e divida o povo. Deve ser, por isso, que quebraram o braço e o rosto da mulher.
Os agressores de Sirlei ignoraram, assim, que “raça não existe”. Não agiram por causa de “raças oficiais”, supostamente criadas agora pelas políticas de ação afirmativa que estão colocando negros nas universidades brasileiras. Agiram a partir do velho racismo nacional, que pode ser muito confortável para pesquisadores que, durante décadas, se beneficiaram de recursos para estudar um fenômeno “tão peculiar” e que, agora, começa a ser enfrentado por políticas propostas por aqueles que foram o seu objeto de estudo.
Diferentemente do que supõem alguns, o comportamento dos jovens, que moram em condomínio de luxo, não resulta de uma falha na sua formação familiar. Pelo contrário, expressa a eficácia da introjeção do racismo, do sexismo e da formação dada pela família, pela escola, por universidades em que não se convive com pessoas negras em pé de igualdade.
Ao contrário do que propalam os seus detratores, as políticas de ação afirmativa nas universidades promovem a integração racial. Além de garantirem o acesso ao ensino superior a negros e estudantes egressos de escolas públicas, ao colocar lado a lado negros e brancos no ambiente universitário, elas têm o potencial de humanizar os jovens brancos das classes média e alta, habituados a pensar que negros e negras são cidadãos de segunda classe, destinados a serem objeto do seu prazer e do seu ódio.

(*) A autora é psicóloga, integrante do Grupo de Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) para o programa de ação da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo e responsável pela Coordenadoria da Mulher e da Igualdade Racial da Prefeitura de Guarulhos (SP).

quarta-feira, 8 de julho de 2009

CARTA DE UMA JOVEM CONTESTADORA II

Nobre Senador Demóstenes,

Fico realmente feliz de saber que minhas palavras mecheram com sua excelentíssima consciência. Fico também muito feliz de estar enganada a respeito de sua dedicação integral a projetos que não beneficiam em nada a tão carente juventude brasileira, carente de tudo mesmo de recursos, de bons exemplos, de interesse público e principalmente carente de compreensão. Faço coro com Vossa Excelência quanto à aprovação da escola integral. Acho uma idéia excelente! Geraria empregos, diminuiria o tempo ocioso dos jovens, melhoraria (acredito eu) o nível de ensino, entre muitos outros benefícios. Se sua intenção é verdadeiramente "fazer o que puder para salvar essa juventude", acredito que não só eu, mas todos aqueles que acreditam na juventude, também apoiarão esse projeto. E, ao contrário de que O nobre senador acredita, não estou nem um pouco interessada em criticar apenas, pertenço a uma geração que nem perde tempo em criticar, mas felizmente pertenço a uma minoria que acredita em um outro mundo possível, que acredita no poder de atos e palavras coerentes para modificar uma realidade tristemente violenta como a do Brasil. Eu penso que o nosso país precisa de iniciativas eficazes não só no combate à violência, como também para diminuir a desigualdade social e para acabar com o preconceito, a ignorância e a imensa omissão que assombram o povo brasileiro. Como cidadã e principalmente com cristã que sou, apóio sim a iniciativa da escola em tempo integral, como apóio projetos para modificação do sistema penitenciário, uma reforma política eficiente,o fim da imunidade parlamentar e esse (eu diria) mau hábito de ficara travancando as pautas de votação, mas continuo a condenar a redução da maioridade penal e todos aqueles que a defendem por não conhecer, de fato, o rosto da juventude. Nobre senador, encerro dizendo que hipócritas são aqueles que fazem aquilo em que não acreditam, que não tem ideais, ou se tem, fingem não vê-los sendo destruídos. E, se em palavra de senador ainda se acredita, cumpro o combinado, apóio o projeto de Vossa Excelência e faço também que outros o apóiem, e em troca reveja seus conceitos, vá conhecer a juventude e depois, repense a questão da redução da maioridade penal.
Mais uma vez:
"Se os maus fazem tudo o que podem para corromper a juventude, façamos nós tudo o que pudermos para salvá-la."

Atenciosamente,

Nathalia Dutra.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

CARTA DE UMA JOVEM CONTESTADORA

Caro senador,

Há muito tempo viveu em Roma uma mulher incrível chamada Paula, que deixou sua casa e sua família para cuidar de jovens doentes e para dar a eles carinho, proteção e educação. Essa mulher, Paula, inspirou milhares de pessoas pelo mundo a fazer o mesmo, parece que o nobre senador não foi uma delas. Eu não sei bem quais foram seus argumentos para defender a redução da maioridade penal, e nem sei quais foram as "armas" para convencer seus nobres colegas, o que eu realmente sei é que esse pode ter sido omais infeliz dos seus projetos que, sem contar com a sorte, visto que estamos no Brasil, logo será esquecido ou desvinculado do seu nobre nome.
O nobre senador acredita mesmo que essa é uma saída para diminuir a criminalidade? Acredita realmente que colocar jovens de dezesseis cadeia, nessas que conhecemos bem Brasil a fora, vai cumprir o papel sócio-educativo para o qual elas foram criadas? Caro Senador, ao invés de ter essa infeliz idéia, porque não se empenha em criar projetos que possam salvar essa juventude, e não condenar? Por que não começa a se interessar por projetos para educação, segurança, saúde?
Porque com isso seu nome será esquecido mais facilmente? Porque a mídia dará menos importância? Eu até entendo seus motivos, vida de político no Brasil é mesmo muito difícil!
Para finalizar, não poderia deixar de citar Paula: "Se os maus fazem tudo o que podem para corromper a juventude, façamos nós tudo o que pudermos para salvá-la!"
Nobre senador, não cabe a mim dizer em qual parte dessa frase vossa excelência se encaixa, cabe somente à sua nobre consciência.

Nathália Ductra.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

OS ESPAÇOS POPULARES NA POLÍTICA PÚBLICA CULTURAL.

Por Jorge Luiz Barbosa, coordenador do Observatório de Favelas

O sucesso de uma política pública para superação das desigualdades sociais, sobretudo as presentes em nossas metrópoles, só será possível quando esta abrigar uma política cultural que incorpore a diversidade da vida social dos espaços populares. Não podemos mais nos conceber cidadãos plenos quando vivemos divididos em lugares de supremacia cultural e lugares subalternizados, simplesmente porque estes últimos não trazem um legado cultural hegemônico ou representam uma contracorrente ao mercado criado pela indústria cultural.
Cada grupo social é portador de signos de referência e códigos sociais inseridos em determinados territórios. Podemos dizer, então, que o território é um espaço/tempo demarcado por intencionalidades humanas, cujas identidades possuem fluxos de correspondência e intensidades plurais, principalmente no tocante a afirmação individual e de grupos na sociedade urbana.
A cultura é sempre diversa, dinâmica e plural. Multiplicam-se pela cidade os signos impressos nas falas, nos gestos, nas roupas, na música, na dança. Eles reportam as moradas dos grupos sociais e, conseqüentemente, a condição de cada um na sociedade.
Porém, isso tem significado, em larga medida, posições de privilégio ou não na escala de valores e práticas hegemônicas no espaço metropolitano. Resulta desse processo sitiamentos de territórios que, por sua vez, reduzem e / ou confinam as possibilidades trocas simbólicas e culturais. Romper com essa redução sociocultural dos territórios da cidade significa o reconhecimento da legitimidade da presença do Outro, da sua atividade criativa e do direito de manifestar as suas leituras do mundo.
Valorizar e mobilizar a diversidade de manifestações culturais e artísticas dos moradores dos espaços populares é um ato primordial de construção de uma sociabilidade urbana renovada. Vislumbra-se, como efeito, a ampliação da circularidade de imaginários, de obras, de bens e práticas culturais na cidade sob o primado da comunicação entre próximos e distantes. Afinal, a cultura se torna mais rica quando expandimos as nossas trocas de imaginários, de saberes, de fazeres e convivências.
Essa proposta nos remete a superação das desigualdades sociais, pois estas não dizem respeito exclusivamente aos aspectos econômicos: distribuição de renda, desemprego, consumo. Elas estão expressas em outras condições de existência social: na escolarização, na habitação, na saúde e no acesso aos bens e equipamentos culturais.
A distribuição espacial de equipamentos e bens culturais em nossas metrópoles é um retrato perverso das desigualdades sociais. Há uma forte concentração de teatros, cinemas e espaços culturais nas áreas centrais nos bairros típicos de classes médias. Entretanto, em nossas favelas e periferias os investimentos públicos de porte no âmbito da arte e da cultura são de pequena importância, precários ou inexistentes. Em contrapartida, desses espaços populares que emergem diferentes subjetividades como forma / conteúdo de linguagens inovadoras, geralmente desconsideradas e desvalorizadas no campo das concepções ainda hegemônicas de arte e cultura.
Retomando ao tema da inflexão territorial das políticas públicas, não é mais possível aceitar a concentração desmedida na distribuição de bens e equipamentos culturais, especialmente os criados pelo poder público. Então, é urgente e inadiável investimentos diretos nos espaços populares. Tais investimentos seriam de extrema importância em termos educacionais, artísticos e, inclusive no tocante a segurança pública, pois podem significar transformações nas condições de existência não só nas favelas, como também dos demais bairros vizinhos.
É preciso reconhecer que a metrópole é produto da diversidade da vida social, cultural e pessoal. Isto significa dizer que a cidade deve ser pensada, tratada e vivida como um bem público comum, e não como um espaço de desigualdades. Mudar a metrópole é agir no seu cotidiano. È romper com a banalização do consumo como paradigma de civilidade. È superar os pré-conceitos, estigmas e reducionismos que classificam as favelas e seus habitantes como entes e seres fora da Polis.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

CULTURA NEGRA LATINO AMERICANA É DESTAQUE EM MOSTRA DE CINEMA

Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II
estará em cartaz na CAIXA Cultural RJ de 12 a 17 de maio. Entrada franca.


Retratar uma América latina negra - suas especificidades e riquezas culturais - num mosaico composto pela exibição de longas, médias e curtas-metragens; debates, palestras, mesas-redondas e a presença de cineastas, pesquisadores, produtores e artistas de países como Chile, Venezuela e Brasil. Essa é a proposta da Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II que ocupará de 12 a 17 de maio de 2009 duas salas da CAIXA Cultural RJ (Avenida Almirante Barroso, 25, Centro) e também no Instituto Cervantes. Entrada franca.

A Mostra foi idealizada pela produtora peruana Rocío Salazar, que vive no Brasil há 13 anos e tem no currículo a produção de três documentários afro-peruanos. Rocío criou no país o Encontros Latino-Americanos – projeto através do qual busca fomentar o intercâmbio de todas as manifestações artísticas latino-americanas. “A partir da minha experiência na produção desses documentários, percebi um leque de possibilidades muito interessante. Existe uma rica produção cultural nos países de raízes negras da América Latina focada nas questões afrodescendentes, mas ainda pouco difundida. Precisamos romper com essa barreira, abrir o diálogo e interagir profissionalmente para que esse intercâmbio cultural aconteça com mais freqüência” explica Rocío.

Oro Negro (Chile), Negro Ché (Argentina) e O Pecado da Intolerância (inédito de Joel Zito) são alguns dos filmes que integram a Mostra
A Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II estará reunindo 20 produções (7 filmes de película e 13 vídeos) a maioria documentários - alguns deles inéditos - oriundos de países como Peru, Equador, Chile, Bolívia, Argentina e Brasil, em exibição entre os 12 e 17 de maio nas salas de cinema da CAIXA Cultural assim divididos: Sala 1 (filmes) às 14h e 17h e Sala 2 (vídeos) às 16h e 19h. Um dos destaques é o chileno Oro Negro que narra como vivem os descendentes de africanos que foram levados ao Chile como escravos e o desafio para serem reconhecidos em um país que está começando a tomar consciência de sua interculturalidade.

Outro filme que intrega a mostra – Negro Ché - mostra a organização de um reencontro na velha Casa Suíça (Argentina), onde a comunidade afroargentina se reunia, e a luta que hoje em dia travam para sobreviver ao isolamento e assimilação que se pretende para esse grupo social naquele país.

Joel Zito Araujo exibirá na mostra o inédito O Pecado da Intolerância – filme que não passou pelo circuito comercial e que faz parte de uma série de vídeos que o cineasta dirigiu para o CEERT – Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades como parte de uma campanha contra a intolerância religiosa no Brasil.

Outra obra que estará em exibição na mostra é Abolição, filme emblemático de Zózimo Bulbul. O longa, que será exibido no dia 14 de maio, marcou (na época de sua produção) o centenário da Abolição da Escravatura no Brasil, descrevendo várias situações enfrentadas pelos afrodescedentes brasileiros até hoje. Após a exibição do filme, Zózimo Bulbul participará de um debate com o público.

Palestras e debates reúnem Jesús Garcia - Ministro Venezuelano, Pedro Lapera, Jeferson De e Hernani Heffner
Também na CAIXA Cultural, as palestras e mesas de debates – nos dias 13, 14 e 15 de maio - terão como convidados pesquisadores, produtores e cineastas com trabalhos voltados à questão dos afrodescendentes na América Latina.

Abrindo a programação, no dia 12 na sala de Cinema 1, Pedro Lapera conduz o debate Um Olhar Sobre as Relações Raciais em Quanto Vale ou é Por Quilo? - título do estudo de Pedro sobre o filme Quanto vale ou é por quilo? de Sérgio Bianchi. Esse estudo foi publicado pela SOCINE – Sociedade de Estudos de Cinema.

Entre as mesas-redondas, destaque para o bate-papo que reúne o atual Ministro Conselheiro da Missão da Embaixada da República Bolivariana (Venezuela) em Angola, Jesús García – que juntamente com Joel Zito Araújo e uma mãe de santo brasileira – debatendo o tema Cultura Negra – a afirmação de suas expressões entre a diversidade e a intolerância.

Outros temas em debate são O Negro nas Narrativas Audiovisuais Contemporâneas reunindo nomes como Antonio Molina (Cuba), Jéferson De, Hernani Heffner, Guilherme Coelho e Tales Moreira; e Afro-descendentes na América Latina: Identidade e Identificação reunindo Pedro Amaral, Maria Cristina Prates e Claudia Serrano.

No Instituto Cervantes, atores hispânicos fazem inédita leitura dramatizada da obra de Antonio Callado
No dia 15 de maio, como parte integrante da Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II, haverá no Instituto Cervantes a exibição do filme Oro Negro de Bruno Serrano, seguido de debate e a leitura dramatizada da obra de Antônio Callado, Pedro Mico. O texto teatral, que está sendo traduzido para espanhol, será interpretado pelos atores hispânicos Carolina Virguez (Colômbia),Rosana Reátegui (Peru), Alvaro Pilares (Peru) , Edison Mego (Peru) e Miguel Angel Zamorano (Espanha) – este ultimo, também diretor da leitura.

“A versão em espanhol de “Pedro Mico” é inédita no Rio e sua leitura ressalta a aproximação dessa peça brasileiríssima e a língua hispânica” comenta Rocío Salazar.

Quem apóia essa iniciativa
A Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-americanas II está sendo patrocinado pela CAIXA Cultural e conta ainda com apoiadores e parceiros institucionais, como o Instituto Cervantes, Casa de Criação, Restaurante Intihuasi, Hotel Payssandú, Secretaria Estadual de Educação do Governo do Rio de Janeiro, CTAv, Cinemateca do museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Centro Cultural Afro-equatoriano, Casa da América Latina, TV Comunitária do Rio de Janeiro, ITV – Instituto Tocando em Você, Lidador, Apeerj – Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro, Terra Firme Digital, entre outros.

SERVIÇO
Mostra de Cinema Raízes Negras Latino-Americanas II
Mostra de filmes e debates enfocando a produção audiovisual latino-americana dedicada a cultura afro-descendente. Países participantes: Peru, Equador, Chile, Bolívia, Argentina e Brasil. Período: de 12 a 17 de maio em horários diversos

CAIXA Cultural RJ
Avenida Almirante Barroso, 25 – Centro. Sala de vídeo e cinema
Informações: (21) 2544-4080 / 1099 /7666
Capacidade: sala de cinema - 85 pessoas e sala de vídeo - 83 pessoas.
Instituto Cervantes
Exibição do filme Oro Negro, debate e leitura dramatizada da obra Pedro Mico, de Antônio Callado
Rua do Carmo, 27 – Centro. Informações: 3231-6566

TODA A PROGRAMAÇÃO TEM ENTRADA FRANCA

Informações para a imprensa
Target Assessoria de Comunicação
Márcia Vilella / Hayla Leite – target@target.inf.br
Tels.: 21 2284 2475 /8158 9692 /8884 1337

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Jovens, Negros, Índios, Rebeldes e Competentes

Palestra de Boaventura dos Santos inspira reflexões sobre militância e diversidades

A militância dos jovens negros e indígenas hoje é demonizada pelos meios de comunicação, que descontextualizam as lutas e julgam de forma deturpada seus atos. A assistente social Cláudia Correia refletesobre o tratamento dos movimentos sociais juvenis na mídia.

Dia 13 de agosto de 2008, tive o privilégio de assistir na Reitoria da UFBA, em Salvador, a aula aberta do professor Boaventura Sousa Santos, doutor em Sociologia do Direito e professor titular da Universidade de Coimbra. Considerado o principal intelectual das Ciências Sociais hoje, o professor tem se interessado em pesquisar a diversidade cultural no Brasil, as experiências de democracia representativa como o Orçamento Participativo de Porto Alegre e as favelas do Rio de Janeiro. Dentre seus livros, A Crítica da Razão Indolente e Pela Mão de Alice. O grande saque do convite ao professor partiu do Curso Avançado sobre Relações Étnicas e Raciais Fábrica de Idéias, do CEAO- Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA.

Ao abordar o tema “Direitos Humanos, Multiculturalismo e Descolonização”, ele defendeu o Sistema de Cotas para índios e negros nas universidades brasileiras, mas alertou que deve ser passageiro, parte de uma política mais efetiva de inclusão social. Denunciou o nosso olhar colonizador sobre as minorias políticas, chamou todos para investir na formação de “rebeldes competentes” que apostem numa sociedade plural, igualitária, justa, com direitos coletivos. Sobre o sistema capitalista, criticou as desigualdades sociais e a dominação do mercado econômico sobre o mercado político que gera a corrupção nefasta à democracia.

Lembrei de imediato da luta dos quilombolas, dos estudantes, dos jovens, negros e índios, das mulheres, dos trabalhadores sem terra. Me dei conta, concordando com Boaventura, o quanto a mídia em geral tem “demonizado” suas ações, reforçado estereótipos, criado representações e sentidos como se ameaçassem a ordem e a soberania nacionais.

Reportei no tempo em que a militância na ANAI - Associação de Ação Indigenista, me aproximou, nos anos 80, dos índios Kiriri, Pankararé, Pataxó, Pataxó Hã Hã Hãe e Tuxá e de sua incansável batalha para recuperar territórios invadidos, dignidade, direitos usurpados. Com o nosso apoio, foram formados monitores de alfabetização, trabalho baseado na obra de Paulo Freire, valorizando a cultura local. Aqueles jovens viraram multiplicadores e muitos vieram depois para seguir lendo com outros olhos o mundo. Aprendi muito com essa experiência, como jovem branca, universitária, de classe média, pude compreender na época, que precisamos construir com práticas comunitárias inovadoras um novo projeto social. Hoje retomo meu projeto de ajudar a formar “rebeldes competentes” como afirma o professor Boaventura, contribuindo para que jovens sejam protagonistas, assumam como sujeitos a história de nosso país. Certamente com eles continuarei aprendendo a alimentar minha “utopia realista” por um Brasil plural.

sábado, 14 de março de 2009

RACISMO LINGUÍSTICO DO BRASIL.

O RACISMO LINGÜÍSTICO DO BRASIL
Marcos Bagno - Setembro de 2008

Que o Brasil é um país entranhadamente racista é coisa sabida e consabida. As estatísticas estão aí, como se fosse necessário o positivismo dos dados para confirmar: embora os não-brancos representem hoje metade da população, somente 14% deles têm curso superior; só 13,1% têm assento no Congresso Nacional, ao mesmo tempo em que constituem 70% da população analfabeta. Se isso não é racismo, sr. Ali Kamel, então me diga o que é. Impregnado nas mais diversas esferas sociais, poucas pessoas, no entanto, se dão conta de que também existe um racismo profundo na história lingüística do Brasil.
Logo após a Independência, nossa ínfima elite intelectual se divertiu com o debate sobre o estabelecimento de uma norma-padrão para o português brasileiro. De um lado, os defensores da "língua brasileira" sustentavam a autonomia do nosso português com relação ao falado na Europa e lutavam pelo reconhecimento das características idiomáticas da nossa fala urbana como legítimas, inclusive para o uso na literatura. Do outro, os que recusavam essas características e defendiam a observância rígida das normas gramaticais do português lusitano. Liberais ou conservadores, porém, todos lutavam contra um mesmo fantasma: o português brasileiro falado pela imensa maioria da população, composta de negros e mestiços, e que trazia (e traz) as marcas dos processos de contato lingüístico entre o português e as diferentes línguas africanas aqui chegadas junto com os escravos.

É claro que, numa sociedade desde sempre oligárquica e autoritária como a nossa, venceu o projeto conservador, que acabou por instituir, como norma para o português brasileiro, um padrão inspirado nos usos literários de um punhado de escritores lusitanos do século XIX. O objetivo desse projeto, evidentemente, não era só lingüístico: era também distanciar o máximo possível a elite branca do "populacho" mestiço. Nossas classes dominantes sempre tiveram absoluto horror a tudo o que fosse genuinamente nosso, nativo, autóctone. Ora, elas jamais aceitariam como sua a língua que Araripe Jr., em 1888, chamava de "o falar atravessado dos africanos". Para fugir disso, estabeleceram como padrão de "língua certa" um modelo importado que se afastava, ao mesmo tempo, do português popular brasileiro e das variedades urbanas da própria elite branca e letrada. Negação do outro, negação de si, alienação total e absoluta, esquizofrenia perfeita.

Essa é a origem do abismo largo e fundo que separa, até hoje, a língua que os brasileiros falam (e escrevem) - inclusive os altamente letrados com vivência urbana - das prescrições irreais e irracionais de uma norma-padrão fixada, já na origem, como uma impossibilidade de realização plena por parte de qualquer brasileiro. Ao contrário de outras sociedades, democráticas de fato, em que os usos lingüísticos reais das camadas letradas urbanas servem de base para se fixar o padrão a ser descrito pelas gramáticas e dicionários, ensinado nas escolas etc., no Brasil vivemos uma esquizofrenia lingüística: falamos o português brasileiro, resultante de 500 anos de contato lingüístico com idiomas africanos e indígenas, a terceira língua mais falada do hemisfério ocidental, mas utilizamos, como normas de regulação dessa língua, um conjunto de prescrições absurdas, arcaicas, já obsoletas em meados do século XIX, que contradizem frontalmente o nosso saber lingüístico intuitivo.
O português brasileiro é uma língua para a qual confluíram e confluem matrizes lingüísticas européias, ameríndias e africanas. Se tantos brasileiros pronunciam "djia" e "tchia" o que se escreve dia e tia é porque mamaram essas pronúncias junto com o leite das suas babás negras, junto com tantas coisas maravilhosas que os africanos nos legaram e que nossas classes dominantes continuam a repudiar como se não fossem suas, embora essas coisas estejam inscritas no DNA de todos os brasileiros.

quarta-feira, 11 de março de 2009

MANIFESTO DA COORDENAÇÃO NACIONAL DA CPT SOBRE AS MANISFESTAÇÕES DO PRES. DO STF:

"A Coordenação Nacional da CPT diante das manifestações do presidente do STF, Gilmar Mendes, vem a público se manifestar.No dia 25 de fevereiro, à raiz da morte de quatro seguranças armados de fazendas no Pernambuco e de ocupações de terras no Pontal do Paranapanema, o ministro acusou os movimentos de praticarem ações ilegais e criticou o poder executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica ações ilegais.

(...)
O ministro, então, anunciou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele mesmo é presidente, de recomendar aos tribunais de todo o país que seja dada prioridade a ações sobre conflitos fundiários.
Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.
Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram.

Alguém já viu, por acaso, este presidente do Supremo se levantar contra a violência que se abate sobre os trabalhadores do campo, ou denunciar a grilagem de terras públicas, ou cobrar medidas contra os fazendeiros que exploram mão-de-obra escrava?
(...)
Ao contrário, o ministro vem se mostrando insistentemente zeloso em cobrar do governo as migalhas repassadas aos movimentos que hoje abastecem dezenas de cidades brasileiras com os produtos dos seus assentamentos, que conseguiram, com sua produção, elevar a renda de diversos municípios, além de suprirem o poder público em ações de educação, de assistência técnica, e em ações comunitárias. O ministro não faz a mesma cobrança em relação ao repasse de vultosos recursos ao agronegócio e às suas entidades de classe.

(...)
O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios.
(...)
O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.

O Evangelho é incisivo ao denunciar a hipocrisia reinante nas altas esferas do poder: “Ai de vocês, guias cegos, vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo” (MT 23,23-24).

Que o Deus de Justiça ilumine nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes!

Goiânia, 6 de março de 2009.
Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges, Presidente da Comissão Pastoral da Terra"

terça-feira, 3 de março de 2009

Hino a Internacional Socialista

De pé ó vítimas da fome
De pé famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores.

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre comum
Para não ter protestos vãos
Para sair deste antro estreito
Façamos com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito.

O crime do rico a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direito para o pobre
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres...

AXÉ!
PAZ & BEM!!
VIVA O SOCIALISMO!!!

sábado, 31 de janeiro de 2009

MORRE UM DOS IDEALIZADORES DO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

Brasília - O primeiro dia de 2009 trouxe luto ao Movimento Negro, com a morte, aos 67 anos, do professor, poeta e pesquisador Oliveira Ferreira da Silveira. Um dos idealizadores do Dia da Consciência Negra - 20 de novembro, ele morreu em Porto Alegre (RS), vítima de câncer. Gaúcho natural de Rosário do Sul, graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especializou-se em Língua Francesa. Docente aposentado da rede pública de ensino, seu corpo foi cremado e as cinzas, levadas à terra natal.
Oliveira Silveira foi um dos criadores do extinto Grupo Palmares, em 20 de julho de 1971. Evocando ícones negros como Luiz Gama e José do Patrocínio, a reverência a Zumbi dos Palmares foi o ato de maior relevância do Grupo naquele ano. Em 1978, o 20 de novembro foi elevado a Dia da Consciência Negra a partir da fundação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCDR). A data tornou-se referência para os afro-brasileiros em contraponto ao 13 de maio, e também fez o professor-poeta nacionalmente conhecido.
A constante atuação de Oliveira Silveira no Movimento Negro se deu na militância política e na produção literária, onde colheu honrarias e premiações. Fundou ainda o grupo Semba, a Associação Negra de Cultura e integrou o corpo editorial da revista Tição (publicação do final dos anos 1970). Sua presença foi marcante em rodas de intelectuais e formadores de opinião. Como escritor, publicou, até 2005, uma dezena de livros - entre eles Poema sobre Palmares, Banzo Saudade Negra, Pêlo Escuro e Roteiro dos Tantãs - e participou de antologias e coletâneas no Brasil e no exterior. Seus temas preferidos eram a vida dos negros no Rio Grande do Sul e a questão negra de forma geral. Sua produção correu mundo, publicada na Alemanha e nos Estados Unidos. Também exerceu atividades jornalísticas, com artigos, reportagens e alguns contos e crônicas veiculados na imprensa, e participou em obras coletivas - caso do ensaio "Vinte de novembro: história e conteúdo", no livro Educação e Ações Afirmativas (Brasília: Ministério da Educação/Inep, 2002).
Foi conselheiro de notório saber em relações étnico-raciais do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, no período 2004-2008. Ultimamente, colaborava com a Seppir como consultor acerca da preservação dos clubes negros como patrimônio material e imaterial afro-brasileiro. Dedicava-se, também, ao informativo eletrônico Negraldeia (www.negraldeia.blogspot.com). Frequentador assíduo dos clubes negros gaúchos, foi o idealizador e articulador do 1º Encontro Nacional de Clubes Negros, em 2006. Mapeou mais de 70 entidades desse segmento existentes no Brasil.
No primeiro dia deste ano, na apropriada e também poética definição de Horácio Lopes de Moraes, conterrâneo do mestre, nasceu (mais um) ancestral. Fontes: Centro de Cultura Negra do Rio Grande do Sul (www.ccnrs.com.br), Blog pessoal (www.oliveirasilveira.blogspot.com).
A Favela é a Senzala do Século XXI

*Hélio Luz


Onde, realmente, está o crime organizado?
Como podem os desapropriados, explorados e oprimidos se organizarem numa máfia?
A questão do estado paralelo foi colocada em evidência por ocasião da morte de um jornalista, com a notícia de que ele foi sequestrado, julgado, condenado e morto por um bando. Isso, no Tribunal, foi considerado estado paralelo e, em cima, a colocação de crime organizado. Acredito que exista oestado paralelo, mas não é isso. A marginalidade não constitui estado paralelo.
A favela é um gueto que substituiu o local da senzala. É a senzala do século XXI, onde se situa a reserva de mão de obra, os negligenciados pelo Estado - reserva mantida pelo sistema de exploração. É aí que vamos tocar na origem da polícia, criada para fazer o controle dessa população. Em 1808, era o controle social dos escravos, agora é o controle dos favelados - os negligenciados.
Falemos do Rio de Janeiro, porque fica mais específico. A tendência aqui é jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado e o estado paralelo. Estado paralelo é aquele que dá enfrentamento ao Estado e modifica as suas decisões. Aquele bando que existe lá no Morro do Alemãonão tinha condição de fazer isso. Eventualmente, uma quadrilha identificou um repórter que atravessava informações. Ela o considerou inimigo e o executou. Assim, fica mais explícita a tendência de jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado.
Ao se falar em Estado paralelo, aqui no Rio de Janeiro, estamos falando, por exemplo, na Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros). Ela, sim, enfrenta e impõe suas decisões ao governo. Ela coloca oito mil ônibus nesta cidade, que não têm capacidade para isso.Todos os poderes do Estado se submetem à sua vontade. Mantém o controle do Metrô e de todo o transporte urbano no Estado do Rio de Janeiro, para fazer sua frota circular, independente de que isso contribua, ou não, para melhor qualidade de vida do cidadão. No Rio de Janeiro é constante o congestionamento, porque fazemos transporte urbano de massa em ônibus, o que é inadmissível numa metrópole.
A Fetranspor sempre atuou com força decisiva dentro da Assembléia Legislativa e nos demais poderes do Estado, inclusive no Poder Judiciário. Também em Brasília ela mostra suas garras. É a esta capacidade de agir que eu chamo poder paralelo. O criminoso comum não tem esta capacidadefinanceira e de organização.
"Ah! Ele está no tóxico, no narcotráfico, tem muito dinheiro."
É outra inverdade. O narcotráfico vem sendo usado como senha para fazer o controle social, em todo o país. É simples. Se o pessoal da favela tivesse mesmo o poder e a quantidade de dinheiro que dizem, faria o controle de fora, mas aquele varejista que controla a droga fica na própria favela. Ele nem sabe para que trabalha.
O jogo do bicho está infiltrado em todos os Poderes constituídos!
Um dos crimes organizados no Brasil, não só no Rio de Janeiro, é o jogo do bicho. A definição que temos de crime organizado é: primeiro, ser cartelizado. No Rio de Janeiro, o controle do jogo do bicho na zona oeste é da família do Castor de Andrade, o da área da Tijuca é do Haroldo da Tijuca, em Nilópolis reina o Anísio Abraão Davi, em Niterói são outros.
Segundo: o jogo do bicho existe em nível nacional. O Estado da Bahia dá descarga para a família do Castor de Andrade, o Acre faz a descarga com o Luizinho da Imperatriz, o de Minas Gerais faz a descarga no Anísio, e por aí vai. O jogo é controlado e organizado em nível nacional.
Terceiro: este crime está infiltrado nos poderes constituídos. Ele elege a representação política dele dentro da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados e da Câmara dos Vereadores. Banca campanhas voltadas para o Poder Executivo. No geral, ele tem influência em todos os poderes, inclusive no Judiciário. Porém, nos estados do Norte e do Nordeste a miséria é tanta que ele não consegue nem chegar. É uma situação diferenciada, mas no Sudeste e Leste ele tem peso.
É bem visível no Carnaval, a presença do crime organizado no poder constituído: a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), a liga que eles montaram, é a direção do jogo do bicho, do crime organizado. Ela aluga o espaço público, o Sambódromo - a direção do crimeorganizado é parceira do Estado. Aí está a característica do crime organizado. Nós vamos ver o prefeito do Rio de Janeiro com colete, em que de um lado está escrito Riotur e do outro Liesa. É o crime organizado bancando e organizando o Carnaval do Rio, o maior evento turístico do país!
O jogo do bicho opera com o homicídio, é mantido pelo sangue!
O jogo do bicho não é um negócio inocente. Todo mundo acha que não tem problema nenhum, até a vovozinha joga. Não é isso, não! O jogo do bicho é mantido pelo sangue. Numa área determinada, ninguém faz concorrência, porque no dia seguinte vai ser morto. O jogo do bicho opera com ohomicídio, o mais grave dos crimes que existe para o homem.
A desculpa do administrador público incompetente é que o crime organizado está na favela. Favelado não constitui crime organizado, mas bandos. Lógico, tem bando lá no Alemão, no Jacarezinho, mas esse pessoal não é cartelizado.
"Ah ! Tem Comando Vermelho, tem Terceiro Comando!"
Mas eles se engalfinham. Eles se enfrentam permanentemente - diferente dos banqueiros do bicho que não se enfrentam, nem delatam o outro. O Disque Denúncia vive em função da delação que o Terceiro Comando faz do Comando Vermelho e vice-versa. Para justificar a incompetência, eles dizem que osbandidos do Rio de Janeiro estão vinculados com os bandidos de São Paulo.Só quem não conhece a polícia acredita nisso. Pode, eventualmente, um marginal do Rio ter relação com outro de São Paulo, mas isso não quer dizer que seja um nível de relação de organizações criminosas. Em São Paulo, eles acabaram com a direção do PCC (Primeiro Comando da Capital). Acabou o PCC.
Onde está a direção aqui do Rio?O que acontece no Rio de Janeiro? O chamado crime organizado é mantido pela organização que existe dentro do próprio Estado. É a própria polícia que mantém isso. Uma boa parte da polícia do Rio de Janeiro é corrupta! Essa afirmação não constitui novidade. Basta procurar nos jornais nos últimostrês meses. É essa polícia corrupta que mantêm o narcotráfico no Rio de Janeiro. Não só as polícias civil e militar do Rio de Janeiro mantêm os pontos do narcotráfico do Estado, mas também a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. O aparelho de repressão do Estado do Rio de Janeiro écorrupto de tal forma, que concorre com ele mesmo.
Este é o problema que ninguém quer tocar: o Estado brasileiro é um Estado altamente corrupto! Só este Estado corrupto pode manter o sistema capitalista, porque a corrupção é inerente ao sistema capitalista. Então fica tudo em casa. Essa polícia corrupta não vai tocar no rico, pôr o burguês na cadeia; não vai investigar o dinheiro desviado do Fisco e do Tesouro; tampouco vai investigar o Estado por dentro. É o grande acerto de contas que existe. Quando falo Estado Brasileiro, estou falando de Poder Executivo, governador, prefeito, presidente da República, seus secretários e ministros; do Poder Legislativo, Câmara Federal, Senado, Assembléia Legislativa e Câmaras de Vereadores, Poder judiciário e todos os tribunais.
A função desse Estado é arrecadar dinheiro: uma parte vai para a classe dominante fazer a sua manutenção e o restante é gasto no controle dos negligenciados. Não vê isso quem não quer! Quando a "mídia" fala em crime organizado e estado paralelo nas áreas de exclusão ela está desinformando opovo. Não é lá que eles estão!



*Hélio Luz foi deputado estadual pelo PT na última legislatura, não aceitando renovar sua candidatura. Foi Secretário de segurança do Governo do Estado, prestando inúmeros e corajosos depoimentos sobre a truculência e corrupção no aparato policial.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cuidar da vida, cuidar do mundo.

Iniciamos o século 21 com inquestionáveis avanços tecnológicos e científicos, porém, o atual sistema mundial, apesar de sua prepotência, está desmoronando e os resultados são visíveis.

O homem avançou tecnologicamente, em contrapartida, o ser humano perdeu a essência da humanidade; que segundo uma tradição filosófica, reside no cuidado.

Como defende o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff: "O cuidado é aquela condição prévia que permite o eclodir da inteligência e da amorosidade." No entanto, a fome de domínio a qualquer preço, o desejo insaciável de conquistar, sem a sutileza do mínimo de cuidado, condicionou a humanidade para um estágio histórico de caos. Neste mundo caótico, classes são dominadas, povos oprimidos, pessoas discriminadas, natureza explorada.

Na lógica do progresso e desenvolvimento ininterrupto e crescente como forma de criar condições para a felicidade humana, propaga-se a destruição das bases que sustentam a verdadeira felicidade.

Faz-se urgente o resgate da prática do cuidado como gesto de amor e proteção. É preciso resgatar hoje, como ética universal, a atitude de cuidar.

Hoje, diante da desordem global, vozes se somam ao exército de pessoas que já estão convencidas de que só há saída para mudar o rumo perverso da história, com uma mudança de estruturas.

Um mundo sem pobreza e desigualdade é possível, porém não cairá do céu, nem surgirá de manhã num dia qualquer. Como virá? Quem o construirá? O que fará com que ele vá surgindo?

É certo que, o primeiro passo para construir este mundo é sonhá-lo. O novo não virá, a não ser que muitos e muitas o sonhem utopicamente, esforcem-se para configurá-lo como sonho e projeto, como esperança.

Para um novo mundo, é imprescindível repensar os paradigmas, rever conceitos e valores para novas práticas e atitudes. Mais do que nunca, diante deste sistema neoliberal e capitalista que impõe valores cada vez mais distorcidos, é urgente que se faça do sonho realidade para abrir caminhos de ação e transformação.

A pobreza e a desigualdade serão vencidas, quando o ser humano for educado, condicionado para o protagonismo, tornando-se sujeito que toma parte principal dos acontecimentos e transformações; sendo ator e interlocutor nas mudanças.

Cuidar da vida, cuidar do mundo. Eis o grande desafio que se cumprirá, à medida que, homens e mulheres acreditando na mudança estrutural como responsabilidade de cada cidadão no seu agir cotidiano e comprometido com a realidade, a partir de suas possibilidades, criem novas condições de vida pela própria capacidade de cada um, seguindo a regra vital de cada dia e em cada lugar.


Paulinho Cardoso

Ser alheio sem fronteira.

Assim disse o poeta: \" solidariedade nada mais é que cada um doar um
pouco, ceder um pouco, nem que seja a própria vida\".
Sábio poeta! Afinal, numa sociedade onde cultiva-se práticas
individualistas que condicionam vidas, cada vez mais, isoladas e dispersas
de sentimentos comuns, somente quando resgatamos nossa condição de cidadãos
plenos, deixamos de ser solitários para sermos solidários.
O exercício da plena cidadania permite ao indivíduo, ultrapassar o
cerco da individualidade e inserir-se na construção do ser alheio, numa
relação fraterna de comunhão - comum união - que faz-se troca, faz-se
partilha, faz-se comunidade.
Disse James Aggrey, político e educador popular africano, militante em
prol da libertação de Gana: \" ... cada sofrimento humano, em qualquer parte
do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em
qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima
dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração.\"
Talvez, configure-se nesta expressão, o teor mais explícito de ser
solidário. Quando consegue-se mesmo distante do outro, compartilhar -
partilhar com - suas angustias, suas dores, seu choro, suas buscas, suas
necessidades, suas esperanças.
Na contra-mão do mundo caótico e excludente, onde a competição
sobrepõem-se a cooperação, é preciso que a solidariedade como um câncer ao
revés, contamine a célula social degenerada, de modo que o bem comum humano
seja aspiração de cada homem, cada mulher e alimentados de esperança, cada
>indivíduo colabore com a transformação.
> Assim disse o poeta: \" ... agora entre o meu ser e ser alheio, a linha
>de fronteira se rompeu.\"

Paulinho Cardoso.

INSTITUO DA JUVENTUDE OUTRO MUNDO É POSSÍVEL

Salve Juventude!!!

Paz & Bem!!

" Se os maus fazem tudo para perverter a juventude, façamos nós,
tudo o que pudermos para salvá-la." (Sta Paula Frassinetti)

Como já bem disse o poeta: "...sonho que se sonha junto é realidade..." e, inspirados na crença desta profecia, alguns amantes da causa juvenil encontraram-se no último sábado 24/01 na residência do pejoteiro Júlio César, onde fomos calorosamente recebidos e acolhidos pela matriarca Dona Orminda (avó do Júlio).
Foi uma tarde de muita alegria pois um grande sonho começou a se transformar em realidade. Se o primeiro passo para a concretização da utopia é sonhar, partilhar dos sonhos e fazê-los sonhos comuns, nesta tarde demos passos importantes com o lançamento da pedra, ou melhor, do tijolo fundamental a partir do qual será construído o tão sonhado Instituto da Juventude Outro Mundo é Possível.
Muito mais do que um gesto simbólico, o evento nos possibilitou recordar momentos marcantes nas vidas de cada um dos que estiveram presentes e, na vida da Pastoral da Juventude de nossa Diocese.
Sabemos da árdua tarefa que será a construção deste sonho, porém, ah porém; a partir deste lançamento foi possível sentir que todas as barreiras e dificuldades serão vencidas, na medida em que mais vozes somarem-se num coro em uníssono e ecoarmos juntos um canto novo de fé, coragem e vigor. Vigor juvenil que nos move, nos impulsiona e desperta para a ousadia.
É hora de avançar. Uma vez que o desafio está oficialmente lançado precisamos "arregaçar as mangas" e unir esforços afim de fazermos deste sonho, definitivamente realidade.
Avançar é ousar!
Em meio a momentos de oração, recordação, partilhas e descontração, traçamos importantes trilhas por onde seguiremos nossa caminhada com ardor missionário, vigor juvenil e esperança renovada e, assim, construiremos juntos o tão sonhado e desejado Instituto da Juventude, que como o próprio nome sugere acreditamos ser possível. Outra juventude comprometida é possível, outros sonhos são possíveis, outro mundo é possível!
Estiveram presentes neste momento jovens de Barra do Piraí, Volta Redonda e Valença.
Entre eles: Julio César, Natália, Igor, Natália Ductra e a pequenina Ana , Willian, Vágner, Ana Paula, Beto, Sandra, Aline, Jéssica (Volta Redonda); Roberto (Valença), Wallace, Paulinho. (*será q esqueci alguém? perdão).
E na certeza de que muitos dos que não puderam estar presentes, mas são parte e acreditam na construção deste sonho, construiremos tijolo a tijolo este espaço de serviço a causa juvenil.
Salve a juventude!

Um forte abraço.

Em fraternura,

Paulinho Cardoso.