quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Ser alheio sem fronteira.

Assim disse o poeta: \" solidariedade nada mais é que cada um doar um
pouco, ceder um pouco, nem que seja a própria vida\".
Sábio poeta! Afinal, numa sociedade onde cultiva-se práticas
individualistas que condicionam vidas, cada vez mais, isoladas e dispersas
de sentimentos comuns, somente quando resgatamos nossa condição de cidadãos
plenos, deixamos de ser solitários para sermos solidários.
O exercício da plena cidadania permite ao indivíduo, ultrapassar o
cerco da individualidade e inserir-se na construção do ser alheio, numa
relação fraterna de comunhão - comum união - que faz-se troca, faz-se
partilha, faz-se comunidade.
Disse James Aggrey, político e educador popular africano, militante em
prol da libertação de Gana: \" ... cada sofrimento humano, em qualquer parte
do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em
qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima
dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração.\"
Talvez, configure-se nesta expressão, o teor mais explícito de ser
solidário. Quando consegue-se mesmo distante do outro, compartilhar -
partilhar com - suas angustias, suas dores, seu choro, suas buscas, suas
necessidades, suas esperanças.
Na contra-mão do mundo caótico e excludente, onde a competição
sobrepõem-se a cooperação, é preciso que a solidariedade como um câncer ao
revés, contamine a célula social degenerada, de modo que o bem comum humano
seja aspiração de cada homem, cada mulher e alimentados de esperança, cada
>indivíduo colabore com a transformação.
> Assim disse o poeta: \" ... agora entre o meu ser e ser alheio, a linha
>de fronteira se rompeu.\"

Paulinho Cardoso.

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