sábado, 31 de janeiro de 2009

MORRE UM DOS IDEALIZADORES DO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA.

Brasília - O primeiro dia de 2009 trouxe luto ao Movimento Negro, com a morte, aos 67 anos, do professor, poeta e pesquisador Oliveira Ferreira da Silveira. Um dos idealizadores do Dia da Consciência Negra - 20 de novembro, ele morreu em Porto Alegre (RS), vítima de câncer. Gaúcho natural de Rosário do Sul, graduou-se em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especializou-se em Língua Francesa. Docente aposentado da rede pública de ensino, seu corpo foi cremado e as cinzas, levadas à terra natal.
Oliveira Silveira foi um dos criadores do extinto Grupo Palmares, em 20 de julho de 1971. Evocando ícones negros como Luiz Gama e José do Patrocínio, a reverência a Zumbi dos Palmares foi o ato de maior relevância do Grupo naquele ano. Em 1978, o 20 de novembro foi elevado a Dia da Consciência Negra a partir da fundação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCDR). A data tornou-se referência para os afro-brasileiros em contraponto ao 13 de maio, e também fez o professor-poeta nacionalmente conhecido.
A constante atuação de Oliveira Silveira no Movimento Negro se deu na militância política e na produção literária, onde colheu honrarias e premiações. Fundou ainda o grupo Semba, a Associação Negra de Cultura e integrou o corpo editorial da revista Tição (publicação do final dos anos 1970). Sua presença foi marcante em rodas de intelectuais e formadores de opinião. Como escritor, publicou, até 2005, uma dezena de livros - entre eles Poema sobre Palmares, Banzo Saudade Negra, Pêlo Escuro e Roteiro dos Tantãs - e participou de antologias e coletâneas no Brasil e no exterior. Seus temas preferidos eram a vida dos negros no Rio Grande do Sul e a questão negra de forma geral. Sua produção correu mundo, publicada na Alemanha e nos Estados Unidos. Também exerceu atividades jornalísticas, com artigos, reportagens e alguns contos e crônicas veiculados na imprensa, e participou em obras coletivas - caso do ensaio "Vinte de novembro: história e conteúdo", no livro Educação e Ações Afirmativas (Brasília: Ministério da Educação/Inep, 2002).
Foi conselheiro de notório saber em relações étnico-raciais do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, no período 2004-2008. Ultimamente, colaborava com a Seppir como consultor acerca da preservação dos clubes negros como patrimônio material e imaterial afro-brasileiro. Dedicava-se, também, ao informativo eletrônico Negraldeia (www.negraldeia.blogspot.com). Frequentador assíduo dos clubes negros gaúchos, foi o idealizador e articulador do 1º Encontro Nacional de Clubes Negros, em 2006. Mapeou mais de 70 entidades desse segmento existentes no Brasil.
No primeiro dia deste ano, na apropriada e também poética definição de Horácio Lopes de Moraes, conterrâneo do mestre, nasceu (mais um) ancestral. Fontes: Centro de Cultura Negra do Rio Grande do Sul (www.ccnrs.com.br), Blog pessoal (www.oliveirasilveira.blogspot.com).
A Favela é a Senzala do Século XXI

*Hélio Luz


Onde, realmente, está o crime organizado?
Como podem os desapropriados, explorados e oprimidos se organizarem numa máfia?
A questão do estado paralelo foi colocada em evidência por ocasião da morte de um jornalista, com a notícia de que ele foi sequestrado, julgado, condenado e morto por um bando. Isso, no Tribunal, foi considerado estado paralelo e, em cima, a colocação de crime organizado. Acredito que exista oestado paralelo, mas não é isso. A marginalidade não constitui estado paralelo.
A favela é um gueto que substituiu o local da senzala. É a senzala do século XXI, onde se situa a reserva de mão de obra, os negligenciados pelo Estado - reserva mantida pelo sistema de exploração. É aí que vamos tocar na origem da polícia, criada para fazer o controle dessa população. Em 1808, era o controle social dos escravos, agora é o controle dos favelados - os negligenciados.
Falemos do Rio de Janeiro, porque fica mais específico. A tendência aqui é jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado e o estado paralelo. Estado paralelo é aquele que dá enfrentamento ao Estado e modifica as suas decisões. Aquele bando que existe lá no Morro do Alemãonão tinha condição de fazer isso. Eventualmente, uma quadrilha identificou um repórter que atravessava informações. Ela o considerou inimigo e o executou. Assim, fica mais explícita a tendência de jogar para as áreas de exclusão a prática do crime organizado.
Ao se falar em Estado paralelo, aqui no Rio de Janeiro, estamos falando, por exemplo, na Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros). Ela, sim, enfrenta e impõe suas decisões ao governo. Ela coloca oito mil ônibus nesta cidade, que não têm capacidade para isso.Todos os poderes do Estado se submetem à sua vontade. Mantém o controle do Metrô e de todo o transporte urbano no Estado do Rio de Janeiro, para fazer sua frota circular, independente de que isso contribua, ou não, para melhor qualidade de vida do cidadão. No Rio de Janeiro é constante o congestionamento, porque fazemos transporte urbano de massa em ônibus, o que é inadmissível numa metrópole.
A Fetranspor sempre atuou com força decisiva dentro da Assembléia Legislativa e nos demais poderes do Estado, inclusive no Poder Judiciário. Também em Brasília ela mostra suas garras. É a esta capacidade de agir que eu chamo poder paralelo. O criminoso comum não tem esta capacidadefinanceira e de organização.
"Ah! Ele está no tóxico, no narcotráfico, tem muito dinheiro."
É outra inverdade. O narcotráfico vem sendo usado como senha para fazer o controle social, em todo o país. É simples. Se o pessoal da favela tivesse mesmo o poder e a quantidade de dinheiro que dizem, faria o controle de fora, mas aquele varejista que controla a droga fica na própria favela. Ele nem sabe para que trabalha.
O jogo do bicho está infiltrado em todos os Poderes constituídos!
Um dos crimes organizados no Brasil, não só no Rio de Janeiro, é o jogo do bicho. A definição que temos de crime organizado é: primeiro, ser cartelizado. No Rio de Janeiro, o controle do jogo do bicho na zona oeste é da família do Castor de Andrade, o da área da Tijuca é do Haroldo da Tijuca, em Nilópolis reina o Anísio Abraão Davi, em Niterói são outros.
Segundo: o jogo do bicho existe em nível nacional. O Estado da Bahia dá descarga para a família do Castor de Andrade, o Acre faz a descarga com o Luizinho da Imperatriz, o de Minas Gerais faz a descarga no Anísio, e por aí vai. O jogo é controlado e organizado em nível nacional.
Terceiro: este crime está infiltrado nos poderes constituídos. Ele elege a representação política dele dentro da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados e da Câmara dos Vereadores. Banca campanhas voltadas para o Poder Executivo. No geral, ele tem influência em todos os poderes, inclusive no Judiciário. Porém, nos estados do Norte e do Nordeste a miséria é tanta que ele não consegue nem chegar. É uma situação diferenciada, mas no Sudeste e Leste ele tem peso.
É bem visível no Carnaval, a presença do crime organizado no poder constituído: a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), a liga que eles montaram, é a direção do jogo do bicho, do crime organizado. Ela aluga o espaço público, o Sambódromo - a direção do crimeorganizado é parceira do Estado. Aí está a característica do crime organizado. Nós vamos ver o prefeito do Rio de Janeiro com colete, em que de um lado está escrito Riotur e do outro Liesa. É o crime organizado bancando e organizando o Carnaval do Rio, o maior evento turístico do país!
O jogo do bicho opera com o homicídio, é mantido pelo sangue!
O jogo do bicho não é um negócio inocente. Todo mundo acha que não tem problema nenhum, até a vovozinha joga. Não é isso, não! O jogo do bicho é mantido pelo sangue. Numa área determinada, ninguém faz concorrência, porque no dia seguinte vai ser morto. O jogo do bicho opera com ohomicídio, o mais grave dos crimes que existe para o homem.
A desculpa do administrador público incompetente é que o crime organizado está na favela. Favelado não constitui crime organizado, mas bandos. Lógico, tem bando lá no Alemão, no Jacarezinho, mas esse pessoal não é cartelizado.
"Ah ! Tem Comando Vermelho, tem Terceiro Comando!"
Mas eles se engalfinham. Eles se enfrentam permanentemente - diferente dos banqueiros do bicho que não se enfrentam, nem delatam o outro. O Disque Denúncia vive em função da delação que o Terceiro Comando faz do Comando Vermelho e vice-versa. Para justificar a incompetência, eles dizem que osbandidos do Rio de Janeiro estão vinculados com os bandidos de São Paulo.Só quem não conhece a polícia acredita nisso. Pode, eventualmente, um marginal do Rio ter relação com outro de São Paulo, mas isso não quer dizer que seja um nível de relação de organizações criminosas. Em São Paulo, eles acabaram com a direção do PCC (Primeiro Comando da Capital). Acabou o PCC.
Onde está a direção aqui do Rio?O que acontece no Rio de Janeiro? O chamado crime organizado é mantido pela organização que existe dentro do próprio Estado. É a própria polícia que mantém isso. Uma boa parte da polícia do Rio de Janeiro é corrupta! Essa afirmação não constitui novidade. Basta procurar nos jornais nos últimostrês meses. É essa polícia corrupta que mantêm o narcotráfico no Rio de Janeiro. Não só as polícias civil e militar do Rio de Janeiro mantêm os pontos do narcotráfico do Estado, mas também a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. O aparelho de repressão do Estado do Rio de Janeiro écorrupto de tal forma, que concorre com ele mesmo.
Este é o problema que ninguém quer tocar: o Estado brasileiro é um Estado altamente corrupto! Só este Estado corrupto pode manter o sistema capitalista, porque a corrupção é inerente ao sistema capitalista. Então fica tudo em casa. Essa polícia corrupta não vai tocar no rico, pôr o burguês na cadeia; não vai investigar o dinheiro desviado do Fisco e do Tesouro; tampouco vai investigar o Estado por dentro. É o grande acerto de contas que existe. Quando falo Estado Brasileiro, estou falando de Poder Executivo, governador, prefeito, presidente da República, seus secretários e ministros; do Poder Legislativo, Câmara Federal, Senado, Assembléia Legislativa e Câmaras de Vereadores, Poder judiciário e todos os tribunais.
A função desse Estado é arrecadar dinheiro: uma parte vai para a classe dominante fazer a sua manutenção e o restante é gasto no controle dos negligenciados. Não vê isso quem não quer! Quando a "mídia" fala em crime organizado e estado paralelo nas áreas de exclusão ela está desinformando opovo. Não é lá que eles estão!



*Hélio Luz foi deputado estadual pelo PT na última legislatura, não aceitando renovar sua candidatura. Foi Secretário de segurança do Governo do Estado, prestando inúmeros e corajosos depoimentos sobre a truculência e corrupção no aparato policial.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cuidar da vida, cuidar do mundo.

Iniciamos o século 21 com inquestionáveis avanços tecnológicos e científicos, porém, o atual sistema mundial, apesar de sua prepotência, está desmoronando e os resultados são visíveis.

O homem avançou tecnologicamente, em contrapartida, o ser humano perdeu a essência da humanidade; que segundo uma tradição filosófica, reside no cuidado.

Como defende o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff: "O cuidado é aquela condição prévia que permite o eclodir da inteligência e da amorosidade." No entanto, a fome de domínio a qualquer preço, o desejo insaciável de conquistar, sem a sutileza do mínimo de cuidado, condicionou a humanidade para um estágio histórico de caos. Neste mundo caótico, classes são dominadas, povos oprimidos, pessoas discriminadas, natureza explorada.

Na lógica do progresso e desenvolvimento ininterrupto e crescente como forma de criar condições para a felicidade humana, propaga-se a destruição das bases que sustentam a verdadeira felicidade.

Faz-se urgente o resgate da prática do cuidado como gesto de amor e proteção. É preciso resgatar hoje, como ética universal, a atitude de cuidar.

Hoje, diante da desordem global, vozes se somam ao exército de pessoas que já estão convencidas de que só há saída para mudar o rumo perverso da história, com uma mudança de estruturas.

Um mundo sem pobreza e desigualdade é possível, porém não cairá do céu, nem surgirá de manhã num dia qualquer. Como virá? Quem o construirá? O que fará com que ele vá surgindo?

É certo que, o primeiro passo para construir este mundo é sonhá-lo. O novo não virá, a não ser que muitos e muitas o sonhem utopicamente, esforcem-se para configurá-lo como sonho e projeto, como esperança.

Para um novo mundo, é imprescindível repensar os paradigmas, rever conceitos e valores para novas práticas e atitudes. Mais do que nunca, diante deste sistema neoliberal e capitalista que impõe valores cada vez mais distorcidos, é urgente que se faça do sonho realidade para abrir caminhos de ação e transformação.

A pobreza e a desigualdade serão vencidas, quando o ser humano for educado, condicionado para o protagonismo, tornando-se sujeito que toma parte principal dos acontecimentos e transformações; sendo ator e interlocutor nas mudanças.

Cuidar da vida, cuidar do mundo. Eis o grande desafio que se cumprirá, à medida que, homens e mulheres acreditando na mudança estrutural como responsabilidade de cada cidadão no seu agir cotidiano e comprometido com a realidade, a partir de suas possibilidades, criem novas condições de vida pela própria capacidade de cada um, seguindo a regra vital de cada dia e em cada lugar.


Paulinho Cardoso

Ser alheio sem fronteira.

Assim disse o poeta: \" solidariedade nada mais é que cada um doar um
pouco, ceder um pouco, nem que seja a própria vida\".
Sábio poeta! Afinal, numa sociedade onde cultiva-se práticas
individualistas que condicionam vidas, cada vez mais, isoladas e dispersas
de sentimentos comuns, somente quando resgatamos nossa condição de cidadãos
plenos, deixamos de ser solitários para sermos solidários.
O exercício da plena cidadania permite ao indivíduo, ultrapassar o
cerco da individualidade e inserir-se na construção do ser alheio, numa
relação fraterna de comunhão - comum união - que faz-se troca, faz-se
partilha, faz-se comunidade.
Disse James Aggrey, político e educador popular africano, militante em
prol da libertação de Gana: \" ... cada sofrimento humano, em qualquer parte
do mundo, cada lágrima chorada em qualquer rosto, cada ferida aberta em
qualquer corpo é como se fosse uma ferida no meu próprio corpo, uma lágrima
dos meus próprios olhos e um sofrimento do meu próprio coração.\"
Talvez, configure-se nesta expressão, o teor mais explícito de ser
solidário. Quando consegue-se mesmo distante do outro, compartilhar -
partilhar com - suas angustias, suas dores, seu choro, suas buscas, suas
necessidades, suas esperanças.
Na contra-mão do mundo caótico e excludente, onde a competição
sobrepõem-se a cooperação, é preciso que a solidariedade como um câncer ao
revés, contamine a célula social degenerada, de modo que o bem comum humano
seja aspiração de cada homem, cada mulher e alimentados de esperança, cada
>indivíduo colabore com a transformação.
> Assim disse o poeta: \" ... agora entre o meu ser e ser alheio, a linha
>de fronteira se rompeu.\"

Paulinho Cardoso.

INSTITUO DA JUVENTUDE OUTRO MUNDO É POSSÍVEL

Salve Juventude!!!

Paz & Bem!!

" Se os maus fazem tudo para perverter a juventude, façamos nós,
tudo o que pudermos para salvá-la." (Sta Paula Frassinetti)

Como já bem disse o poeta: "...sonho que se sonha junto é realidade..." e, inspirados na crença desta profecia, alguns amantes da causa juvenil encontraram-se no último sábado 24/01 na residência do pejoteiro Júlio César, onde fomos calorosamente recebidos e acolhidos pela matriarca Dona Orminda (avó do Júlio).
Foi uma tarde de muita alegria pois um grande sonho começou a se transformar em realidade. Se o primeiro passo para a concretização da utopia é sonhar, partilhar dos sonhos e fazê-los sonhos comuns, nesta tarde demos passos importantes com o lançamento da pedra, ou melhor, do tijolo fundamental a partir do qual será construído o tão sonhado Instituto da Juventude Outro Mundo é Possível.
Muito mais do que um gesto simbólico, o evento nos possibilitou recordar momentos marcantes nas vidas de cada um dos que estiveram presentes e, na vida da Pastoral da Juventude de nossa Diocese.
Sabemos da árdua tarefa que será a construção deste sonho, porém, ah porém; a partir deste lançamento foi possível sentir que todas as barreiras e dificuldades serão vencidas, na medida em que mais vozes somarem-se num coro em uníssono e ecoarmos juntos um canto novo de fé, coragem e vigor. Vigor juvenil que nos move, nos impulsiona e desperta para a ousadia.
É hora de avançar. Uma vez que o desafio está oficialmente lançado precisamos "arregaçar as mangas" e unir esforços afim de fazermos deste sonho, definitivamente realidade.
Avançar é ousar!
Em meio a momentos de oração, recordação, partilhas e descontração, traçamos importantes trilhas por onde seguiremos nossa caminhada com ardor missionário, vigor juvenil e esperança renovada e, assim, construiremos juntos o tão sonhado e desejado Instituto da Juventude, que como o próprio nome sugere acreditamos ser possível. Outra juventude comprometida é possível, outros sonhos são possíveis, outro mundo é possível!
Estiveram presentes neste momento jovens de Barra do Piraí, Volta Redonda e Valença.
Entre eles: Julio César, Natália, Igor, Natália Ductra e a pequenina Ana , Willian, Vágner, Ana Paula, Beto, Sandra, Aline, Jéssica (Volta Redonda); Roberto (Valença), Wallace, Paulinho. (*será q esqueci alguém? perdão).
E na certeza de que muitos dos que não puderam estar presentes, mas são parte e acreditam na construção deste sonho, construiremos tijolo a tijolo este espaço de serviço a causa juvenil.
Salve a juventude!

Um forte abraço.

Em fraternura,

Paulinho Cardoso.